setembro amareloHoje, vamos falar de um assunto difícil, mas necessário: a relação entre dor crônica e suicídio. Decidimos abordar este tema em apoio à campanha Setembro Amarelo, que busca divulgar informações úteis para a prevenção dos casos de suicídio no mundo.

O suicídio é considerado um dos maiores problemas de saúde pública atualmente no mundo. No Brasil, 25 pessoas morrem vítimas de suicídio por dia. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs398/en/), no mundo todo, a cada ano, 800 mil pessoas tiram a própria vida. Trata-se da segunda maior causa de morte para pessoas entre 15 e 29 anos. Ainda segundo a OMS, 90% dos casos poderiam ter sido prevenidos, por estarem associados a patologias de ordem mental diagnosticáveis e tratáveis, principalmente a depressão.

Diversos estudos apontam uma forte relação entre a dor crônica e o comportamento suicida. Uma revisão sistemática identificou 18 artigos científicos sobre o tema concluindo que pessoas com dor crônica têm um risco maior de apresentar ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídio. Um estudo norte-americano com 5962 pessoas concluiu que pessoas que sofrem de dor de cabeça tem uma chance duas vezes maior de reportar pensamentos suicidas. Um outro estudo apontou que, de uma amostra de 1512 pacientes procurando tratamento para dor crônica, 32% reportou ideação suicida.

Pelas pesquisas sobre o tema, dois fatores aumentam especialmente o risco de comportamento suicida em pessoas com dor crônica: catastrofização e problemas de sono. O conceito de catastrofização se refere a pensamentos exagerados, com foco nos aspectos negativos da dor. Estudos apontam uma forte correlação entre pensamentos catastróficos e depressão, intensidade da dor e incapacidade.

Na grande maioria dos casos de comportamento suicida em geral, a depressão é uma condição determinante. No caso de pessoas com dor crônica, muitas vezes a depressão se relaciona às dificuldades de se conviver com dor persistente, podendo levar a desesperança, isolamento e muitas perdas em relação a trabalho, laser, vida social e papel familiar.

Para evitar o comportamento suicida relacionado à dor crônica, é essencial que pacientes que apresentem níveis de depressão de moderado a grave sejam encaminhados para um profissional de saúde mental. Diversos estudos apontam a eficácia de medicação e psicoterapia para o tratamento de episódios depressivos. O envolvimento da família também pode ser um recurso terapêutico muito importante.

Um recurso de apoio que existe desde os anos 60 no Brasil e que já ajudou milhares de pessoas na prevenção do suicídio é o CVV – Centro de Valorização da Vida. Trata-se de uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os mais de um milhão de atendimentos anuais são realizados por 2.200 voluntários em 18 estados mais o Distrito Federal, pelo telefone 141 (24 horas), pessoalmente (nos 68 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br.

Para quem quer ler mais sobre o assunto, clique nos links:

http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs398/en/

https://dorterapeuta.wordpress.com/portfolio/dor-cronica-e-ideias-suicidas/

http://www.news-medical.net/news/2008/11/11/42777.aspx

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16926068

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3125689/

http://europepmc.org/abstract/med/10498789